No Diário de Obras desta terça-feira (16), o engenheiro Fernando Figueiredo abordou um tema extremamente pertinente. Ele explicou o que é a ensecadeira do açude Engenheiro Avidos (Boqueirão de Piranhas) e fez um alerta dos ricos para os ribeirinhos.
Ele falou que no Nordeste é comum a construção de barragens e represas para contenção de água, devido aos períodos de seca. Segundo ele, o risco da ensecadeira se romper é um “problema gravíssimo”, mas é preciso calma para não criar pânico na população.
“Primeiramente essa sangria do açude, o pessoal vire e mexe fica querendo que se encha o açude até que ele transborde por cima. Isso, pelo amor de Deus, não queira. Essa barragem é um solo extremamente compactado, mas ela não é feita para suportara água por cima ou por trás. Então, a água tem que ficar na frente e é por esse impedimento que a barragem ‘sangra’, transbordar,
que se constrói o vertedouro”, disse.
Segundo Fernando, o vertedouro é usado para escoar quando há um acúmulo excessivo de água, no Boqueirão de Pirnahas são as comportas que mandam o excesso para o Rio Piranhas.
Ele explicou também, o que é uma ensecadeira e como funciona os vertedouros e barragens.
“Essa ensecadeira é uma barreira para que a água seja contornada e você consiga trabalhar lá dentro. O que é essa ensecadeira essencialmente? É uma obra de terra, feita com solo, solo compactado impede que a água chegue onde estão tendo as obras”, informou.
No caso de Boqueirão, ele falou que devido aos grandes volumes de chuvas a ensecadeira atrasou a obra, que era para ser concluida enquanto o manacial estava com pouca água, mas nesse momento a ensecadeira está a centímetros de transbordar.
“Havendo esse transbordamento, com toda certeza, entrará em ruínas a ensecadeira, não é a barreira do açude, não é Boqueirão que vai se arrombar, porque isso daí sim seria uma catástrofe e motivo de pânico. A ensecadeira em si pode entrar em colapso e aí, primeiro prejuiso material que é da obra que foram gastos milhões de reais para a construção dessa obra e, com certeza ela será danificada porque o volume de água é gigantesco”, ressaltou.
Fernando falou que, além do prejuízo financeiro, uma grande quantidade de água será perdida e a comunidade ribeirinha será afetada.
De acordo com a atualização mais recente da Aesa (Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba), Boqueirão de Piranhas está com 122.480.509 m³ (sua capacidade máxima é de 293.617.376 m³).
Durante o programa, o engenheiro ainda fez um alerta para a população ribeirinha do Rio Piranhas.
“Quanto ao perigo, ninguém está completamente ileso de um fenômeno da natureza, por exemplo, uma chuva de grandes proporções, a represa que tem acima, que é de um porte tão grande quando Boqueirão- que é a de Boa Vista, uma das obras da transposição do Rio São Francisco- então, se acumular esse tanto de coisa é perigoso, mas em qualquer momento já seria”, destacou Fernando.